sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O barquinho de papel.

Estou tentando vencer o final do ano com mantras e flashback da infância. Eu me recuso, terminantemente, a cair no fim do ano influenciada pelo consumismo e comilanças, das festas natalinas.
Já bastam os engarrafamentos, a quantidade de gente correndo e a angústia que insiste em “grudar” em todos.
Mais essa revolta da natureza, que nos deixa estatelados, olhando o mundo completamente descrente da recuperação do planeta.
Hoje, me lembrei de um natal que passamos numa fazenda de um amigo do meu pai. Tinha árvore de natal e ceia, mas os dias que antecederam ,transcorriam na mais perfeita tranqüilidade, não tinha TV, apenas luzes de lampião e conversas em volta da mesa.
Minha mãe resolveu nos ensinar a fazer barquinhos de jornal, depois de ler “O soldadinho de Chumbo.”
Éramos seis crianças fazendo aula para o grande campeonato dos barquinhos.
Jornal, um tubo de cola e lápis de cor. Era tanta alegria na confecção do lindo barco, risadas, crianças emburradas achando o seu barco o mais feio. Minha mãe circulava feliz, ajudava um aqui e refazia outro ali. Tudo pronto.
Marchamos feito soldadinhos até a cachoeira e escolhemos um lugar onde a correnteza era leve.
O céu ficou cinza e o cheiro de chuva exalava da terra, o vento soprava cada vez mais forte perto da cachoeira. Foi dada a largada, colocamos juntos os barquinhos na água. A torcida era grande.
Próximo a chegada à chuva apertou.Pingos grossos começaram a cair forte sobre os pequenos barcos, que encharcados iam entortando e desmanchando. A torcida foi ficando muda.
Os relâmpagos cortaram o céu, com força, próximos a cachoeira. Minha mãe, eterna Polyana, disse: "Acho que papai do céu gostou de todos os barcos, mandou uma chuva bem forte, para que todos os soldados fossem vencedores. Hora de comemorar. Vamos ao nosso lanche de natal, tem bolo xadrez com cobertura de chocolate, hora do amigo oculto, marchem soldados."
Cortando os caminhos da mata, completamente ensopados de água e alegria, ouvindo o trovão que insistia em nos lembrar à hora de voltar para casa. Caminhamos em direção à fazenda, enquanto nossos barcos afundavam na cachoeira.
Era dia de natal, muitas vezes lembranças como essa, faz esse dia um dos dias mais importantes de nossas vidas!

8 comentários:

Unknown disse...

Denise
Que história mais delicada!
Um beijo
Cacau

Adriana ♣* disse...

Denise
Que lindooooooo!
No email às vezes envio (junto com o que escrevi) a frase:
"As melhores coisas da vida são de graça".
E esse seu texto prova isso!
Infelizmente os tempos mudaram e essas coisas não acontecem mais constantemente...
Por isso precisamos criá-las... nem que seja só na imaginação...
Beijos
Adri*

Ana Gabriela Camargo disse...

Denise
Fiquei comovida com a história, linda comemoração de natal!
Um beijo
Gabriela

Bibi disse...

Deny,
Que história mais linda do mundo!
Isso para mim é que é Natal!
Emocionada!

Denise Portes disse...

Cacau, Adriana e Gabriela
Que bom que compartilhei essa história, com pessoas sensíveis como vocês!
Um beijo, com carinho
Denise

Denise Portes disse...

Ah Bibi, minha querida!
Eu sei que você gostou, você sabe o que é Natal!
É ai, nesse laço de amor, que a gente se encontrou e se reconheceu.
Um beijo e obrigada pelo seu carinho de sempre.
Denise

Maitê disse...

Fiquei com os olhos cheio das lágrimas. Lindo Natal!
Maitê

Unknown disse...

Denise
Que lindo texto!Fiquei completamente entregue a minha infância.
Um beijo
Eduardo