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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

PLUTÃO - OLAVO BILAC

Negro, com os olhos em brasa,

Bom, fiel e brincalhão,

Era a alegria da casa

O corajoso Plutão.

 

Fortíssimo, ágil no salto,

Era o terror dos caminhos,

E duas vezes mais alto

Do que o seu dono Carlinhos.

 

Jamais à casa chegara

Nem a sombra de um ladrão;

Pois fazia medo a cara

Do destemido Plutão.

 

 

Dormia durante o dia,

Mas quando a noite chegava,

Junto à porta se estendia,

Montando guarda ficava.

 

Porém Carlinhos, rolando

Com ele às tontas no chão,

Nunca saía chorando,

Mordido pelo Plutão...

 

Plutão velava-lhe o sono,

Seguia-o quando acordado:

O seu pequenino dono

Era todo o seu cuidado.

 

Um dia caiu doente

Carlinhos... junto ao colchão

Vivia constantemente

Triste e abatido, o Plutão.

 

Vieram muitos doutores,

Em vão. Toda a casa aflita,

Era uma casa maldita,

Era uma casa de dores.

 

Morreu Carlinhos... A um canto,

Gania e ladrava o cão;

E tinha os olhos em pranto,

Como um homem, o Plutão.

 

Depois, seguiu o menino,

Seguiu-o calado e sério;

Quis ter o mesmo destino;

Não saiu do cemitério.

 

Foram um dia à procura

Dele. E, esticado no chão,

Junto de uma sepultura,

Acharam morto o Plutão.

 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Dica

A gente só é o que se faz aos outros. 

Clarice Lispector

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Alma serena e cata que eu persigo. (Lembranças de Célia Pereira)

"Alma serena e casta, que eu persigo
Com o meu sonho de amor e de pecado,
Abençoado seja abençoado
O vigor que te salva e é meu castigo.

Assim desvies sempre do meu lado
Os teus olhos; nem ouças o que eu digo;
E assim possa morrer, morrer comigo
Este amor criminoso e condenado.

Sê sempre pura! Eu com denodo enjeito
Uma ventura obtida com teu dano,
Bem meu que de teus males fosse feito".

Assim penso, assim quero, assim me engano...
Como se não sentisse que em meu peito
Pulsa o covarde coração humano.

Vicente de Carvalho

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Que é - Simpatia - (Lembranças de Célia Pereira)

O QUE É - SIMPATIA
(A uma menina)

Simpatia - é o sentimento
Que nasce num só momento,
Sincero, no coração;
São dois olhares acesos
Bem juntos, unidos, presos
Numa mágica atração.

Simpatia - são dois galhos
Banhados de bons orvalhos
Nas mangueiras do jardim;
Bem longe às vezes nascidos,
Mas que se juntam crescidos
E que se abraçam por fim.

São duas almas bem gêmeas
Que riem no mesmo riso,
Que choram nos mesmos ais;
São vozes de dois amantes,
Duas liras semelhantes,
Ou dois poemas iguais.

Simpatia - meu anjinho,
É o canto do passarinho,
É o doce aroma da flor;
São nuvens dum céu d'Agôsto,
É o que m'inspira teu rosto...
- Simpatia - é - quase amor!

Casimiro de Abreu

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O tempo - Olavo Bilac ( Lembranças de Célia Pereira)

Sou o Tempo que passa, que passa,
Sem princípio, sem fim, sem medida!
Vou levando a Ventura e a Desgraça,
Vou levando as vaidades da Vida!

A correr, de segundo em segundo,
Vou formando os minutos que correm…
Formo as horas que passam no mundo,
Formo os anos que nascem e morrem.

Ninguém pode evitar os meus danos…
Vou correndo sereno e constante:
Desse modo, de cem em cem anos,
Formo um século, e passo adiante.

Trabalhai, porque a vida é pequena,
E não há para o Tempo demoras!
Não gasteis os minutos sem pena!
Não façais pouco caso das horas!

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

O velho professor - Lembranças de Célia Pereira

O VELHO PROFESSOR

 

Andava muito doente o velho professor... 

Por isso, ele não tinha agora o mesmo ardor, 

que outrora o possuía e que o animava dantes.

Às vezes, quando em aula, havia mesmos instantes

em que inclinava a fronte (aquela fronte austera

onde já desbotara a flor da primavera)

e cochilava um pouco, involuntariamente.

O velho professor andava muito doente.

 

Era, porém, tamanho o bem que nos queria

que jamais quis pedir aposentadoria

e manter-se do Estado, à custa dessa esmola.

Era sempre o primeiro a aparecer, na escola,

com joviais maneiras, tão simpáticas,

não obstante sentir umas dores reumáticas

que o faziam sofrer muito, ultimamente.

O velho professor andava muito doente... 

 

Um dia ele chegou mais tarde, alguns momentos.

Trazia nas feições sinais de sofrimentos... 

A palidez do rosto, os olhos encovados

denunciavam seus pesares ignorados.

E, como para tornar a dor mais manifesta,

cravara-se-lhe fundo uma ruga na testa.

Franzia-lhe o rosto uma expressão de dor,

Andava muito doente o velho professor.

 

 A aula começou... mas, pouco depois das onze,

 o velho mestre, o bom trabalhador de bronze,

 (que já perto de trinta anos ou mais, havia

 que - gigantesco herói - lutava dia a dia,

para a glória da pátria e para o bem da infância,

dando batalha ao vício e combate a ignorância)

sentindo de uma dor os agudos abrolhos,

curvou as nobres cãs, cerrou de leve os olhos.

 

Fora fulgia o sol. A manhã era calma.

Sorrindo, a natureza abria a sua alma

repleta de alegrias e cheia de esplendores.

Pela janela aberta, entrava o hálito das flores;

em toda a atmosfera azul, lavada e fina,

ressoava baixinho, assim como em surdina,

um canto celestial, harmonioso e suave,

anjos tocando, em harpa, alguma canção de ave.

 

Nisto ergueu-se um aluno, um pândego, um peralta

fabricou de um jornal um chapé de copa alta,

e bem devagarinho (oh! que idéia travessa)

chegou-se ao mestre... zás! enfiou-lhe na cabeça.

E rápido se foi de novo ao seu lugar.

O mestre nem abriu o sonolento olhar.

E aquele aspecto vil de truão de improviso,

rebentou pela aula estardalhante riso.

 

De súbito, surgiu o diretor, na aula... 

esmudou-se lhe o gesto, estremeceu a fala,

quando ele, transformando a sua mansidão de boi

em fúria de leão nos perguntou: "Quem foi?

Quem foi esse vilão que fez tal brejeirice,

sem respeito nenhum às cãs desta velhice?

Vamos lá! Sede leais, verdadeiros e francos,

dizei: quem ofendeu estes cabelos brancos?"

 

Mas ninguém denunciou da brincadeira o autor!

Como um clown dormia o velho professor!

O diretor, então, chegou-se junto à mesa...

Via-se-lhe no rosto, o incômodo, a surpresa,

de que o sono do mestre assim se prolongasse.

Curvou-se meigamente e levantou-lhe a face.

Mas recuou tremendo, aterrado, absorto,

aniquilado e mudo... O Mestre estava morto.


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Mal Secreto Raimundo Correia ( Lembranças Célia Pereira)

Raimundo Correia
Mal Secreto

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!
Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!
Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja aventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Conta e tempo

Conta e Tempo
Frei Antonio das Chagas (1631-1682)

Deus pede hoje estrita conta do meu tempo.
E eu vou, do meu tempo dar-Lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo fazer conta,
Hoje quero fazer conta e não há tempo.

Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passa-tempo.
Cuidai, enquanto é tempo em vossa conta.

Pois aqueles que sem conta gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
 

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2021

domingo, 7 de fevereiro de 2021

sábado, 6 de fevereiro de 2021

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021