Tudo fluía no amor e era tão mais simples, a felicidade ali escondida na lancheira. Era uma fila comprida com música para lavar as mãos. Eu ainda posso me lembrar do verso: “Cai à água da biquinha, faz espuma com sabão, para comer a merendinha vou lavar as minhas mãos.” A hora da merenda era sagrada, a gente dava muita risada. Nós sentávamos em roda e dividíamos o lanche, depois a professora mandava que tirássemos uma colchinha. Nós deitávamos quietinhos enquanto ela contava uma longa história, as tradicionais. Era a hora de dormir. Era tanta pureza na alma, tanta verdade e calma. As coisas eram mais simples e em mim a vida acontecia de forma mais serena. E dentro da minha pequena merendeira eu guardei segredos de uma infância feliz. Depois de tantos anos, eu ainda fecho os olhos e me lembro do meu Jardim de Infância, da praça na frente da escola, do meu uniforme de listras vermelhas e dos meus amiguinhos da vida toda. Eu era feliz e sabia.
Denise Portes