Foi assim, com 18 anos de idade, uma mochila de sonhos nas costas, que conheci Mauá.
Eu morava em Juiz de Fora em uma república e fui com duas amigas, Helô e Carminha.
Não sabíamos nada, somente que íamos para Mauá, que acamparíamos no terreiro da casa da Márcia e do Beto, lá em Maromba. E pegamos o ônibus que nos levou até Mauá, de lá partimos a pé para Maromba. Mochila e barraca nas costas.
A chuva começou, nós três caminhávamos com dificuldade, na estrada íngreme que nos levaria a Maromba. Lembro-me quando li “as Brumas de Avalon” Marion Zimmer Bradley.
Maromba é assim, existe uma névoa no ar. Um mistério naquelas montanhas, um frio delicioso, aquelas cachoeiras!Tudo parece em harmonia!
A chuva começou a apertar, não passava nenhum carro e estávamos ensopadas. A ficha caiu, estávamos numa roubada. Foi ai que no meio da névoa e da chuva avistamos um fusca branco, tão cheio, que no teto tinha coisa amarrada. Quando ele se aproximou mais um pouco a Helô disse é o carro da Márcia e do Beto. Eu tinha visto o Beto uma vez na vida, digo sempre a ele que nunca esqueci a cara de raiva dele quando a Márcia falou para aquelas três ensopadas:
-Espreme que cabe vocês ai. Eram eles dois na frente, mais duas crianças atrás, mais nós três e a bagagem de todos. Um horror que durou mais trinta minutos. Quando chegamos a um chalé lindo!Lá tinha uma cozinha/sala, um banheiro e dois quartos. E eles esperavam um casal.
Montamos nossa barraca no quintal. Era uma barraca azul de dois lugares, novinha. Eu comprei especialmente para essa viagem. Arrumamos tudo na maior alegria. Chovia fino e a noite chegou trazendo com ela muito mais frio do que podíamos imaginar.Começou a festa, comidinhas, cigarros de palha e um violão que o Beto tocava muitos tons abaixo da nossa animação.A Márcia e a Lúcia subiram na mesa e pareciam duas garotas de auditório tamanha animação.As cenas daquela “enorme festa” guardo em fleches nas minhas lembranças.
Mas a alegria que eu senti nunca mais eu me esqueci. Quando me lembro dessa história fico rindo sozinha. Lembro-me do Beto bem doido de cachaça, com um cigarro de palha no canto da boca e um chapéu de palha na cabeça. Eu tinha dezoito anos e eles vinte e oito, eu achava eles muito mais velhos do que eu. Hehehe
Tínhamos queijos, pasteis e vinhos. A madrugada chegou passamos um café fresco no fogão a lenha que esquentava a pequena sala. Hora de dormir, quando abrimos a porta do chalé para irmos para barraca achei que o vento ia nos carregar. Dentro da barraca foi um terror, se uma virava de lado todas tinham que virar.Comecei a ter a paranóia que ia pintar um lobo, que ia comer a barraca e a gente de sobremesa. Acabou. Recolhemos tudo e saímos no vento, batemos na porta do chalé que já tinha suas luzes apagadas e a Márcia abriu. Restava-nos um lugar no chão da sala, do lado do fogão de lenha que exibia suas últimas brasas e o frio que invadia as frestas das portas. O dia amanheceu e o sol coloriu cada montanha que abraçava aquele chalé. Tomamos banho nas mais lindas e limpas cachoeiras daquelas terras. Passeamos pelas estradas agasalhados em casacos e cachecóis coloridos, cobrimos as mãos com luvas quentinhas e andávamos abraçados uns nos outros. Contávamos muitos casos e demos muitas risadas, bebemos, comemos. O tempo passava lentamente e os dias tinham várias cores e temperaturas e movimentos e descobertas. Passamos cinco inesquecíveis dias.
Essa história foi contada de várias formas, mas nunca deixamos de frisar que foi uma delícia ir de barraca para Maromba.
Era uma vez....
segunda-feira, 13 de julho de 2009
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