Lá em casa mora uma tartaruga chamada Dara e uma cadela chamada Sofia. Minha filha ama bichos, eu gosto, mas prefiro não ir criando um zoológico dentro de um apartamento. Preferências a parte, bicho dá trabalho e filhos cuidam somente da parte afetiva. O banho, comida e todo o resto eles não fazem mesmo.
Um dia desses, ela chegou lá casa com aquela conversa fiada, que nós mães já sabemos onde vai dar e disse-me:
- Mamãe, eu quero tanto um hamster...
Quase desmaiei, eu tenho pavor de ratos e hamster é da família, né? Digamos que o primo rico da espécie. Já fui logo dizendo que nem precisava continuar essa conversa. É claro que a conversa continuou até ela perceber que não ia me vencer nessa.
O tempo passou e a melhor amiga dela ia fazer quinze anos. Ela resolveu que daria um hamster de presente para Sabrina. Eu novamente avisei que o bichinho não poderia ficar lá em casa. Pois ela comprou o bichinho escondeu numa caixa de papelão e colocou na parte aberta do seu armário. De madrugada, eu estou trabalhando no computador e de repente ouço um barulho igualzinho de um rato. Imediatamente percebi que era ele, o hamster.
No dia seguinte, quando minha filha acordou, fui logo querendo saber o que estava acontecendo ali, claro que não fui conferir a caixa de madrugada. Vocês não acreditam o que ela me respondeu:
-Mamãe, esse é o presente da Sabrina e não é um hamster. Ele é um coelho sírio.
O final dessa história é que eu não olhei o “coelho sírio” até o dia que ele partiu. Já na porta do elevador com a caixa na mão, saindo pra festa eu me senti culpada e falei:
- Filha, deixa ver o coelho sírio da Sabrina.
Ela riu e abriu a caixa. Eu fiquei paralisada diante da beleza do bichinho. Falei:
- Júlia, que hamster lindo.
Ela fechou a caixa sorrindo me beijou e fechando a porta do elevador gritou:
-Mamãe, você é muito louca.
Denise Portes