Sobre a lente do passado.

Num baú dentro de um armário, minha mãe retira fotografias antigas. Surpresa, começei a foliar fotos de infância. Contei a ela que andava escrevendo sobre fotográfias.Esse olhar sobre as coisas, depois que o tempo passa, faz uma diferença enorme.
Porém, as lembranças chegam juntas com as emoções que eu sentia naquele momento lá. Meu coração descola de agora e viaja longe.
Poeira dourada essa que cobre tantas lembranças que não são esquecidas inteiras, mas que embaça detalhes.Perto da magia das cores desbotadas, até mesmo do forte preto e branco da foto.
 Fotografias de  alguns aniversários, desfile de sete de setembro na cidade do interior, a piscina da casa nova e a primeira bicicleta.
Uma Monareta da Monark, verde bandeira, que para o meu irmão e eu, era como um pedaço do arco- íris. Era outro olhar sobre as coisas, pequenos segredos de uma infância, magia de momentos delicados. Naquele tempo, cultivamos jardins secretos e eu não tinha noção do quanto isso tudo no futuro mudaria o foco do meu olhar para o mundo. Os cataventos giravam nos impulsionando a planejar um futuro que parecia tão distante.Raios de luz, do um passado clarearam cada detalhe e juntos riamos de uma ou outra foto.
Nós fomos recuperando sorrisos de momentos em que éramos felizes e sabíamos.

Denise Portes