A Mesquita Azul

... Então,

de todo Amor

não terminado

seremos pagos

Em inumeráveis

noites de estrelas.

Maiakovski, em O Amor

Era uma vez uma menina que entrou no livro das fadas, lá viveu anos e anos. Ela passou vinte anos do lado da sua melhor amiga, dando inúmeras provas de amor, mas a amiga não sabia dos seus problemas, não conhecia seu castelo e não acreditava nos seus sonhos...
O amigo, de tantos anos, não sabia que ela é uma eterna apaixonada pela vida, pelas pessoas, pelos acontecimentos.
Ela explicou pra ele tantas vezes como ela era e não adiantou...
Ele olhava e não a via, parecia entender, mas não a ouvia.
Dois personagens importantes para a vida da princesa, diziam que a amavam, que eram seus amigos “pra o que der e vier”.
Onde a princesa estava com a cabeça, que não desvendou o seu próprio mistério?
Uma tarde de outono, a princesa abriu a porta da torre, saiu do castelo e foi até a Mesquita.
Olhou o céu, percebeu quem ela era, ao sair da Mesquita Azul, ela se perguntou:
- O que está acontecendo? O mundo está ao contrário, e eu não reparei? Já dei muitos anos da minha vida para essas pessoas e não me dei nenhuma chance. Tenho que mudar minha relação com o mundo, com as pessoas e principalmente comigo. As relações erradas, vão ter que morrer pra germinar.
Desse dia em diante, quem passa pelos jardins do castelo ouve a princesa cantar, bem alto:
“Olho nos olhos quero ver o que você faz ao sentir que sem você eu passo bem demais.”

Denise Portes