quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Companhia

A gente então se falava
Dessas coisas fugidias
De paixões, filosofias
De lutas e botequins
A gente tinha crença
Tinha muito sentimento
Essa espécie de ciência
Que a intuição cheira no vento
E fica sabendo as coisas
E fica entendendo a vida
E a vida era coisa pouca
Engraçada e mal dormida
Se encontrando na cidade
Era uma vida exprimida
Que falava em liberdade.

A gente então discutia
Ia bebendo, ia e ria
E a noite tomava conta
Da gente e parecia
A resolução de tudo
Vinha uma força de dentro
Uma vontade de briga
Tudo ficava tão fácil
Tão perto de se pegar
Uma tesão na barriga
De lutar, de enfrentar

Vinha então uma coragem
Que eu nunca soube de onde
Que fazia a gente grande
E o resto ficava bobagem
Fazia a gente guerreiro
Andarilho, guerrilheiro
Comunista, companheiro
Herói da noite, parceiro
Do mesmo jogo na vida
Na mesma velha trapaça
Muitas senhas inflamadas
Engolidas com cachaça

E ai a gente deixava
Saltar fora a fantasia
Fazia a revolução
Só que quando amanhecia
A intenção ficava fraca
É que assim a Luiz do dia
A gente se achava babaca
Se achava arraia pequena
Aí sobrava uma pena
E um gosto de ressaca.

Bruna Lombardi

4 comentários:

Ana Gabriela Camargo disse...

Adorei os macaquinhos, são amigos seus também? rsrs
A poesia é show!
Gabriela

Unknown disse...

Muito legal essa poesia.
Cleo

Denise Portes disse...

São meus amiguinhos Gabi! To nessa onda de macacos.Também gosto muito dessa poesia.
Denise

Denise Portes disse...

Cleo
Que bom que você gostou, lembro dessa poesia quando eu tinha 20 anos."Pouco tempo atrás..."
Bjs
Denise