domingo, 3 de julho de 2016

O insight dela.

Me olhei no espelho por alguns minutos, comecei a reparar as marcas que cada momento fez no meu rosto. O olhar preto levemente desconfiado por todas as vezes que eu ia achei que ia dar, mas não deu. Os traços embaixo dos olhos pelas noites felizes, porém mal dormidas. As pintinhas feitas pelas caminhadas até o arpoador nos dias de sol. Tem algo sobre viver que eu não sei. Eu só sei que vou arriscar, porque a maior rejeição que pode ter é a minha com as minhas vontades. Eu vou me atirando nessas batalhas inexistentes todos os dias, pra algumas pessoas pode parecer inútil e talvez seja, mas é isso que me faz chegar de noite e ter algo pra contar. É isso que me faz chegar até de noite. Ou a gente ri ou a gente morre. Parece longe, mas está muito próximo. Aceito o fato do meu estado de desamparo absoluto e caio no riso. E vou rindo, rindo, rindo, ai choro e é um choro bom, pra transformar o que já não serve mais. E transforma e vai transformando. Até que já é outra coisa. Não é pra entender, é pra viver e entender dá pra fazer ao mesmo tempo, mas passa. O tempo passa e vai passando e o entendimento muda e a graça é essa. 

Júlia Portes

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