Alguma tristeza esquecida em um canto encostou e foi
se agarrando a mim. Veio uma onda nostálgica misturada com algo que enfraqueceu
a minha coragem. Parece um sentimento ilhado que eu sinto vontade que fique a
centenas de milhas daqui.
Nada me consola quando fico assim, nada me melhora
quando estou assim... As lágrimas grudam dentro de mim.
Foi quando peguei um caderno antigo e comecei a desenhar
uma pauta e uma clave de sol. Eu tive um flashback da minha infância de quando
eu fiz aulas de piano em um colégio de freira no interior.
As minhas aulas eram
no conservatório do colégio Santa Marcelina, no terceiro andar do colégio. Era
um corredor comprido e muito silencioso, onde as salas individuais eram claras
e com belos pianos. Eu era aluna da irmã Rosita, ela dedilhava seus dedos
longos sobre as teclas do piano como um cisne passei nas águas, ou como um
bailarino dança sobre os palcos. E quando tínhamos que estudar a parte teórica ela
desenhava a mais linda clave de sol que eu já vi. Irmã Rosita dizia: “Quando
você estiver triste, pare um pouco de tocar piano e desenhe a clave de sol, ela
começa na segunda linha bem no começo da pauta.”.
Denise Portes
Um comentário:
Dê,
A tristeza não cai bem pra você, sou acostumada com sua alegria, mas de qualquer forma é linda a metáfora com a clave de sol.
Beijos queridona
Gabriela
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