Como se eu estivesse por fora do movimento da vida. A
vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui
parada, pateta, sentada no bar. Sem fazer nada, como se tivesse desaprendido a
linguagem dos outros. A linguagem que eles usam para se comunicar quando rodam
assim e assim por diante nessa roda-gigante. Você tem um passe para a
roda-gigante, uma senha, um código, sei lá. Você fala qualquer coisa tipo bá,
por exemplo, então o cara deixa você entrar, sentar e rodar junto com os
outros. Mas eu fico sempre do lado de fora. Aqui parada, sem saber a palavra
certa, sem conseguir adivinhar. Olhando de fora, a cara cheia, louca de vontade
de estar lá, rodando junto com eles nessa roda idiota ta me entendendo,
garotão?
Caio Fernando Abreu
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