sábado, 19 de janeiro de 2013

Mutação.

Acontece de chegar o momento que o colorido desbota, feito o amor que transforma, essa é a metáfora para traduzir a dor. 
As coisas mudam de tom e o que outrora foram às luzes fortes da paixão, ofusca. Os olhos sedentos de desejo já não podem ver o cintilante, mas procuram naquela paisagem o mesmo brilho.
Lá está a minha bicicleta que foi testemunha da nossa história, por ali existem as marcas, mas o que passava dentro de mim mudou. 
Eu não escolhi a dor da distância, nem as inconstâncias dos seus desejos misteriosos. Para mim o desejo se resume em admiração e cor. Se a nossa cumplicidade oculta segredos é porque existem medos escondidos e são eles que têm o poder de manchar a cor. Sim meu amor, o medo despedaça, embaça, embaraça e não abraça e o nó na garganta cresce. Como em um labirinto nos perdemos de nós e eu já não posso sentir na sua voz a melodia da entrega. Triste é a melancolia da mutação.

Denise Portes

Um comentário:

Ana Gabriela Camargo disse...

Dê,
Quando a transformação do amor acontece é porque em algum lugar ele já não era a mesma coisa.
Beijos
Gabriela