segunda-feira, 27 de abril de 2020

Pandemia - 45° de isolamento social.

A paisagem está lá, feito um quadro, pintado com todas as cores da natureza mais exuberante. A lagoa, as montanhas, o mar tudo calmo, sereno, com brisa. O sol acaricia as paisagens o clima é ameno, outono que parece se eternizar pelas tardes frescas. A lua no céu e as noites com temperaturas amenas como se nunca tivesse acontecido aqueles verões asfixiantes do mês de janeiro. De uma vida que corria numa velocidade comparada a um caminhão que desce em alta velocidade ladeira abaixo, a freada brusca mundial. Pandemia. Eu só tinha lido essa palavra quando estudei a gripe espanhola, na minha infância. E aquilo me parecia tão distante que confesso ter ficado lá nas aulas de história, acho que na época era mais nas aulas de conhecimentos gerais. Viver este momento, depois de 45 dias dentro de casa saindo para fazer o básico, supermercado, farmácia e perceber as ruas vazias e pessoas assustadas de máscaras, amigos em pânico, a TV que é assustadoramente negativa, Instagram, facebook e tantas redes sociais com soluções ou com relatos de todos os lados como enfrentar a pandemia. A crise mundial e a crise política, com um presidente desnorteado, demitindo o ministro da saúde e assinando a demissão do ministro da justiça, pasmem, eu estou anestesiada.
 Catatônicos buscamos saídas racionais, emocionais e espirituais. Nossas casas não são prisões, uma beleza poder, para quem pode ficar em casa. O fato é que nós estamos amordaçados por um sistema que ruiu e nem mesmo as brigas políticas vão minimizar a nossa dor. Vivemos num eterno domingo, assim eu sinto. Não existe plano para o que vai acontecer, estamos completamente no momento presente, como diz uma amiga; isso já é um presente. Aprendizados constante, arrumar a casa, ler os livros não lidos, organizar as ideias, no meu caso separar escritos e reler antigos projetos. Basta uma saída a rua, com máscara, distância das pessoas, álcool gel, lavar tudo que comprou e produzir comidas e desacelerar o pensamento novamente depois deste rolê todo. Ginástica em casa para segurar o corpo e manter a mente sã.  Não existe banho de mar, a polícia prende quem pisar na areia, nem passeio pelas ruas desertas e ensolaradas, nem chope com amigos, nem comemoração dos aniversários, nem visita a ninguém. Não podemos trocar afetos em abraços e nem trabalhar em qualquer espaço que não seja um trabalho home office. Tenho feito mergulhos internos incríveis e usado as ferramentas que graças ao Universo eu estudei no decorrer da vida e aprendi muito, mas tenho olhado para o externo e observado os erros que cometemos juntos. Nem sei para que escrevo tudo isso, acho que é apenas para tirar da cabeça e colocar no papel.

Denise Portes

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