domingo, 4 de agosto de 2019

Olé, olá...

A luz vai pousando sobre os tacos do meu quarto, os frescores do final do mês de julho me embalam numa preguiça e vai ficando um pouco mais tarde para sair da cama. Sinto saudades dos meus pais, de um tempo em que eu ainda era bem pequena e eles nos levava para passear. A saudade causa barulho e as vezes tormenta.  Os pingos da chuva entre os prédios me traz lembranças de uma infância que está cada vez mais distante. Já não tenho meu pai me apontando novos horizontes e nem minha mãe acompanhando meu cotidiano, ainda que fosse pelo telefone. Vez ou outra ouço alguém chamar alguém de mãe ou de pai e eu já tenho este som de amor no passado. A velocidade do tempo me causa arrepios, já vivi meio século. Coleções de momentos de alegria e a corda bamba de pessoas que entraram e saíram, amigos que se eternizaram em meu coração e nas minhas atitudes. Não me escondo de mim e entendi que o vazio que eu não sabia preencher pertence somente a mim e a todos os sonhos que projetei e construí, ou não.
Que vida boa, estranha, gostosa, esquisita, tudo balança, mexe e o tempo segue sem pena de sacudir tudo até a gente entender que não somos nada.

Denise Portes

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