A luz vai pousando sobre os tacos do meu quarto, os frescores do final do mês
de julho me embalam numa preguiça e vai ficando um pouco mais tarde para sair
da cama. Sinto saudades dos meus pais, de um tempo em que eu ainda era bem
pequena e eles nos levava para passear. A saudade causa barulho e as vezes
tormenta. Os pingos da chuva entre os prédios me traz lembranças de
uma infância que está cada vez mais distante. Já não tenho meu pai me apontando
novos horizontes e nem minha mãe acompanhando meu cotidiano, ainda que fosse
pelo telefone. Vez ou outra ouço alguém chamar alguém de mãe ou de pai e eu já
tenho este som de amor no passado. A velocidade do tempo me causa arrepios, já
vivi meio século. Coleções de momentos de alegria e a corda bamba de pessoas
que entraram e saíram, amigos que se eternizaram em meu coração e nas minhas
atitudes. Não me escondo de mim e entendi que o vazio que eu não sabia
preencher pertence somente a mim e a todos os sonhos que projetei e construí,
ou não.
Que vida
boa, estranha, gostosa, esquisita, tudo balança, mexe e o tempo segue sem pena
de sacudir tudo até a gente entender que não somos nada.
Denise Portes
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