sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Texto Júlia Portes


Sonhei que eu parava de me importar 
Com o jeito que as coisas iam se desenrolar
Eu entrava numa sala de jantar e
encontrava com uma Índia
Ela não era nem nova e nem velha
Ela estava Simplesmente lá
fora do tempo
Ela dizia que veio me presentear com o momento presente
Inquieta e bastante humana
Eu queria saber por que eu tava lá
Ela dizia que o importante é que ela ia me curar de mim
Os meus problemas eram o próprio eu
Mas que tudo ia passar
Que nos momentos difíceis eu deveria olhar pro meu sofá
Pro meu sofá? Eu perguntava
Ele vai te trazer pra sua sala, caso você esteja lá
Já Acordada
Na minha sala, eu estava
Sentei no sofá
Vi os quadros pintados pela minha mãe
Por falta de galerias que tenham verdadeiro bom gosto
Estamos expondo na nossa sala obras de arte
Aqui na minha sala tem girafas com gravatas de bolinhas
Seres voadores
Desenhos abstratos que quando olhados revelam figuras mais concretas
Como quando olhamos pras nuvens
Tem um céu no meio da minha sala
Se percebido com atenção
posso ver uma bruxa olhando pra ele com uma varinha na mão
Acho que a India tava me falando sobre a imaginação
Comecei a tentar romper com a academia mental que é o pensamento incessante
Bem ocidental
Reparei nas platinhas afogadas nas poças de água na calçada
nas gotas de chuva escorrendo dos ônibus
no relógio que tem no alto de um prédio na Nossa Senhora de Copacabana esquina com a Bolívar.
Tirei os fones de ouvido
compartilhando os sons da rua com quem tá na rua comigo.
Desafiei os momentos de espera
Eles se desmancharam em novas percepções na frente dos meus olhos.
Ganhei vários não saberes
Tô igual em país estrangeiro

Júlia Portes

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