Uma paciente de nove
anos chegou ao consultório ontem para extrair dois dentes de leite que estavam
atrapalhando o permanente de nascer. Resolvi não colocar a minha roupa branca e
atende-la com minha roupa comum, apenas um jaleco por cima. Pedi que ela entrasse
sozinha na sala e a acompanhante esperasse na sala de espera. Ela é minha
paciente há seis anos. Falei que queria ter uma conversa de amiga com ela, pois
ela tem muito medo de dentista e sempre chora quando precisamos fazer um
procedimento mais complicado. Conversamos sobre ter medo. Ela me confessou ter
medo de abelha e de dentista, sobre as abelhas é porque ela já foi picada por
uma e doeu muito e sobre dentista ela não sabe. Eu contei a ela que eu por
vinte anos tive medo de fantasma e fiquei muito triste quando descobri que esse
medo me impediu de várias coisas e que os fantasmas só existiam na minha cabeça
e que eu nunca vi nenhum. Perguntei se ela tinha religião e ela disse que não.
Falei que ela tem muito poder na mente e que ela usasse esse poder para
espantar o medo. Dei a ela uma pulseira de contas lilás e uma medalhinha de
Cosme Damião que enfeita a pulseira que eu mesma fiz. Expliquei que essa é uma
pulseira da coragem e que isso ia ajudá-la a ser forte durante a extração.
Chamei a acompanhante que ficou encantada com a pulseira e que disse ser devota
de Cosme Damião e a paciente disse que a cor preferida dela era lilás, a cor da
pulseira.
Quantas “coincidências”! O procedimento foi um sucesso e a criança corajosa não derramou uma lágrima. Abraçadas e emocionadas nos despedimos no final da consulta, quando ela estava saindo eu falei para ela cuidar da pulseirinha e ela respondeu: Nunca mais eu vou tirar a pulseira da coragem, mal sabe ela que quem aprendeu e ganhou mais coragem com essa história fui eu. Viva as crianças que são nossa luz neste mundo de ilusão.
Quantas “coincidências”! O procedimento foi um sucesso e a criança corajosa não derramou uma lágrima. Abraçadas e emocionadas nos despedimos no final da consulta, quando ela estava saindo eu falei para ela cuidar da pulseirinha e ela respondeu: Nunca mais eu vou tirar a pulseira da coragem, mal sabe ela que quem aprendeu e ganhou mais coragem com essa história fui eu. Viva as crianças que são nossa luz neste mundo de ilusão.
Denise Portes
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