Caminhando pelas ruas de Copacabana em direção ao
meu consultório, em plena Rua Barata Ribeiro, observo um senhor descendo do
ônibus. Ele devia ter uns 90 anos, um pouco curvo, calvo e cabelos brancos.
Muito bem vestido com um terno de linho preto bastante amassado, caminhava
lentamente com sua bengala que combinava com terno. Passei por ele, mas
continuei a observa-lo do outro lado da rua, temia que ele precisasse de ajuda
para atravessar e que a sua bengala pudesse agarrar nas frisas do bueiro próximo ao meio fio. Ele atravessou
o bueiro com bastante classe e meio confuso olhava para rua que dava mão para
todos os lados e sem sinal de trânsito. Do outro lado fiz um sinal para que ele
atravessasse. Venha tranquilo, eu disse. Com um sorriso ele respondeu: “Com
você do meu lado eu estou tranquilo.” Já do outro lado da rua ele beijou minha
mão como prova de agradecimento e nos despedimos. Quando virei às costas ele
gritou: “Você é de onde?”.
- De Minas respondi.
– Minas?De que cidade?
–Muriaé, continuei.
– Trabalhei lá, no Banco do Brasil.
– Meu pai é do Banco do Brasil.
– Qual o nome dele?
– Adson Portes.
– Conheço muito, mande um abraço do Sálvio da Silva Pereira.
– Sim, eu vou dizer a ele que estive com senhor.
Ele beijou novamente a minha mão e seguiu. Enquanto eu caminhava pro lado oposto enxugando as minhas lágrimas, faz três anos que meu pai morreu e eu não consegui dizer isso para o amigo dele.
- De Minas respondi.
– Minas?De que cidade?
–Muriaé, continuei.
– Trabalhei lá, no Banco do Brasil.
– Meu pai é do Banco do Brasil.
– Qual o nome dele?
– Adson Portes.
– Conheço muito, mande um abraço do Sálvio da Silva Pereira.
– Sim, eu vou dizer a ele que estive com senhor.
Ele beijou novamente a minha mão e seguiu. Enquanto eu caminhava pro lado oposto enxugando as minhas lágrimas, faz três anos que meu pai morreu e eu não consegui dizer isso para o amigo dele.
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