THE OLD WOMAN
The Old Woman, criada por
Robert Wilson em colaboração com seus intérpretes, o lendário dançarino e ator
Mikhail Baryshnikov e o ator internacionalmente reconhecido Willem Dafoe é uma
adaptação da obra homônima do autor russo Daniil Kharms e estreou na Inglaterra
em 2013. Nascido em São Petersburgo em
1905, Kharms sofreu sob o regime stalinista por boa parte de sua vida.
Finalmente preso, foi morto por soldados soviéticos nos Gulags com apenas 36
anos de idade. A brevidade da vida de Kharms se assemelha à brevidade de seus
escritos de caráter absurdo, alguns dos quais se estendem por pouco mais de um
parágrafo. Uma exceção é THE OLD WOMAN, uma novela obscura, brilhante e
sutilmente política, escrita em 1939. Carregando traços de Beckett e Ionesco em
sua narrativa, que acompanha a história de um escritor em dificuldades que não
consegue alcançar a paz consigo mesmo e é assombrado pela figura de uma velha
mulher, este é talvez o melhor trabalho de um dos maiores autores russos de
vanguarda. Mikhail Baryshnikov e Willem
Dafoe dão vida a seus personagens na encenação de Robert Wilson, caracterizados
como uma dupla de palhaços, altamente estilizados, revelando o patetismo
presente em cada um de seus bizarros encontros. Numa série de tableaux vivants costurados por números de excêntrico vaudeville, o cenário
e iluminação marcantes de Robert Wilson, com móveis que flutuam no palco e
monolitos de luz branca, fazem um rigoroso contraponto às figuras construídas
por Baryshnikov e Dafoe. Quanto mais dementes são os personagens, mais
preciso e austero se torna seu pano de fundo. Isto é, acima de tudo, uma
evocação da tirania stalinista, outro tipo de teatro do absurdo.
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