Acontece de chegar o momento que o colorido desbota,
feito o amor que transforma, essa é a metáfora para traduzir a dor.
As coisas mudam
de tom e o que outrora foram às luzes fortes da paixão, ofusca. Os olhos
sedentos de desejo já não podem ver o cintilante, mas procuram naquela paisagem
o mesmo brilho.
Lá está a minha bicicleta que foi testemunha da nossa história,
por ali existem as marcas, mas o que passava dentro de mim mudou.
Eu não
escolhi a dor da distância, nem as inconstâncias dos seus desejos misteriosos. Para
mim o desejo se resume em admiração e cor. Se a nossa cumplicidade oculta
segredos é porque existem medos escondidos e são eles que têm o poder de
manchar a cor. Sim meu amor, o medo despedaça, embaça, embaraça e não abraça e
o nó na garganta cresce. Como em um labirinto nos perdemos de nós e eu já não
posso sentir na sua voz a melodia da entrega. Triste é a melancolia da mutação.
Denise Portes
Um comentário:
Dê,
Quando a transformação do amor acontece é porque em algum lugar ele já não era a mesma coisa.
Beijos
Gabriela
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